POEMA XXII - LUIS RAÚL CALVO
A casa onde repousam as lembranças
não reconhece donos nem pertences
do passado.
Em sua entranha se refugiaram
histórias vividas e não vividas.
Ali surgiram contos de fadas
vozes parciais de um drama
criado à imagem e semelhança
de um herói de fantasia.
Alguém deveria narrar-nos hoje
outros espelhismos, para saber
que tramavam o lobo
o vilão, a bruxa da alcova
sobre estes mesquinhos retratos.
A casa onde repousam as lembranças
é uma dívida pendente,
um sonho inconcluso.
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