RETRATOS - ATILIO JORGE CASTELPOGGI

 









A vida vai nos apresentando 

a imagem da morte até encontrar 

a máscara definitiva

que nos está destinada.

Depois saberemos que existe o inexplicável.

No entanto mais adiante fica algo de nós
permanecendo no pó dos dias
ou em obséquios que nos outorga a vida 

como uma curva do caminho: 

perfumes, nomes,

uma pintura que imprime um ballet 

sobre o cadáver de um cigarro 

que foi o gozo de uns lábios.

Também essas armadilhas que a vida apresenta
e que bem pode ser a instância 

onde sobrepujamos a dor de nossas

necessidades.

 

Mas a poesia ama as palavras 

como as jovens que auguram o porvir de
nossos olhos um pouco absurdamente.

Esperar é um milagre inconcebível 

que a gente tão somente desconhece

embora sempre retorna algo que nos toca

de repente no passado.


Então a eternidade pulsa na enormidade 

de um momento 

e apenas restam os retratos 

como uma coleção

de gestos de outras épocas:

quase uma forma dilacerante da lembrança,

talvez alguma inapreensível atmosfera do

que éramos.



Grafite de Nick

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