ALBERTO PERAZA CEBALLOS
Tão branca era a roupa de minha mãe
que só de ver se manchava;
Ela desafiava ao tempo na bacia
vendo sangrar os dedos
enquanto a água lavava seus males
e debaixo dos seios colocava pra secar.
Minha mãe engomava a roupa, molhava
e ia passar a ferro no lugar
mais nobre da casa;
ali estavam o rádio e as novelas
por onde via passar outro mundo
alheio às suas raivas e dores.
Quando se foi, deixou de ser branca a roupa
e ficamos desorientados dentro de casa,
tanto, que ainda da trabalho encontrar-nos
mesmo que tenha passado muito tempo,
e minha mãe continue
nos olhando de uma foto gastada
que segue nossos passos com a vista.
Grafite de Thiago Valdi @thiagovaldi
Comentários
Postar um comentário