MÃE - GASTÓN FIGUEIRA
Minha mãe, que tão distante estás,
como te lembro!
Parece-me ver-te de manhã, cedinho,
rumo da igreja, envolta num chalé,
levando para sinal,
nas páginas do teu missal tão pequenino
as cartas que te escrevi...
Quando eu era ainda menino
me ensinavas a rezar
ante uma imagem de Cristo.
E agora eu creio ver-te
todas as noites, no teu velho quarto,
rogando àquela mesma imagem
que vale, com doçura pia,
pelo filho que, um dia, abandonou o lar
com sede de distância e ânsia de vagar...
Quando eu era pequeno,
cantavas para mim.
Deixa que agora, mãe, eu cante para ti,
longe, sim, de tão longe, a canção da saudade.
Grafite de Caboocla @caboocla
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